por Editorial aboutCOM
As atribuições de trabalho são muito bem definidas, mas há limites de atuação
Recentemente, o mercado de comunicação foi palco de uma acalorada discussão entre jornalistas e assessores de imprensa sobre quais atribuições competem a cada função. De um lado, alguns repórteres eram contrários a ter representantes da agência de comunicação acompanhando entrevistas; a outra parte se defendia, afirmando que esse era seu papel.
Apesar de ter havido uma inequívoca evolução na relação jornalista-assessor de imprensa – situação comprovada exatamente pela existência desses grupos de discussão no Facebook e em outras redes sociais – ainda há uma linha tênue que separa o que é, ou não, invasivo nessa relação.
A assessoria de imprensa nasceu para unir empresas e marcas à mídia. Assessorar significa ajudar, facilitar o trânsito de informações e a comunicação entre esses dois pólos. Sob o ponto de vista estratégico, é imprescindível que o assessor conheça profundamente seu cliente e entenda como uma estratégia de comunicação pode facilitar seus objetivos de negócio. A segunda etapa passa pela necessidade de entender, também com riqueza de detalhes, o perfil dos veículos de comunicação, para que sejam sugeridos releases, entrevistas e encontros somente a redações que tenham interesse no assunto do cliente. A falta de atenção a esse ponto é um dos motivadores do ranço entre os dois lados do balcão: jornalistas se cansam de receber sugestões que nada têm a ver com o que cobrem ou são abordados em momentos cruciais e extremamente atarefados do seu dia, e assessores de imprensa se sentem menosprezados pela postura como são tratados pelos colegas.
No campo operacional, cabe ao assessor de imprensa fazer media training com os porta-vozes de seus clientes; pautas, entrevistas e encontros; agir de forma receptiva, respondendo a dúvidas e solicitações dos jornalistas, fazer follow-up em casos que fizerem sentido, não de forma mecânica; checar as publicações relacionadas a seus clientes e a concorrentes, por exemplo. E, por mais que haja uma visão contrária sobre isso, deve acompanhar as entrevistas de seus clientes, sejam elas presenciais ou não. Isso não significa interferir na conversa, fazer perguntas ou cercear a atuação do jornalista, mas se certificar de que as informações passadas pelo executivo estão corretas. O assessor de imprensa é o guardião da comunicação. Nesse momento, ele está lá pelo seu cliente, para garantir que o porta-voz atenda às políticas de comunicação, e não para verificar ou gerir o entrevistador. O papel dele aqui também é importante para garantir que informações que ficam pendentes sejam enviadas ao jornalista após a conversa. São posturas bem diferentes.
Se a ação comprometer, de alguma forma, a entrevista – como é o caso de problemas com sistema de conference call – o assessor deve entender como proceder: o tema permite que o porta-voz esteja sozinho? Se sim, que a conversa siga sem interrupção. Se não, é preciso encontrar uma alternativa que não comprometa o bom funcionamento da transferência de informação.
No final das contas, jornalista precisa do assessor e o assessor precisa do jornalista. Se o trabalho continuará conjunto, que seja em paz.
Saiba mais:
aboutCOM Live#2: DR entre assessor e jornalista
Assessoria de imprensa: 5 regras do follow-up burro
Imagem: Depositphotos