Há muitas formas que uma empresa pode ser exposta nas redes sociais em tempos de compartilhamento “sem filtro”
Editorial aboutCOM
Não foi necessário nem meio dia para que milhares de “especialistas em urbanização” destilassem textões nas redes sociais criticando ou defendendo a decisão de um (até então anônimo) morador da região conhecida como Beco do Batman, no bairro paulistano da Vila Madalena. Ele optou por pintar de cinza o muro de sua casa que, antes, à semelhança de seus vizinhos, ostentava um grafite da base ao topo.
Esse é um exemplo de como a opinião pública age nas redes, com comentários rasos, apesar de extensos, sobre todo e qualquer assunto que soe polêmico. E esse comportamento gera situações ainda mais graves, que afetam diretamente empresas.
Em meados de 2016, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) anunciou um recall do achocolatado Itambezinho, da marca Itambé, alegando que uma substância encontrada no lote M4: 21:18 poderia ser a responsável pela morte de uma criança em Cuiabá. Usuários de diversas redes sociais republicaram uma notícia antiga, de 2014, sobre um caso de contaminação da bebida Toddynho em um mercado do Rio Grande do Sul. Ninguém foi ajudado e uma marca foi exposta negativamente porque pessoas esqueceram, ou simplesmente não quiseram, checar a informação que estavam divulgando.
O exemplo não é dos mais recentes, mas representa um hábito muito comum nos dias de hoje. Essa aparente falta de discernimento faz com que se compartilhem notícias e outros links sem que o conteúdo seja lido por inteiro e sem que haja um pensamento, de fato, crítico. É um movimento no qual abre-se mão do compromisso e da responsabilidade, essenciais no ato de informar.
Checar fontes e fatos era, até então, trabalho de jornalistas e assessores de imprensa, mas em tempos em que informação é excesso, esse passa a ser um requisito mínimo para aqueles que queiram ser formadores de opinião e compartilhar conteúdo na internet. Assim como as redes sociais trazem ainda mais mobilidade e democratizam o acesso ao consumo e à produção de conteúdo, trazem consigo uma grande responsabilidade.
E, talvez, o mais importante de tudo: antes que qualquer coisa seja compartilhada nas redes sociais, é preciso que se siga o processo básico de entender o assunto tratado. Não é raro ler posts com opiniões contrárias ou favoráveis a algo que teria sido dito em uma matéria, mas quando se clica no link e se lê o conteúdo por completo, percebe-se que o comentarista errou por, simplesmente, não entendeu sobre o que comentava. Isso também pode afetar, negativamente, as empresas.
Sem um bom alinhamento de comunicação gestores e um media training adequado, eles próprios podem ser tidos como agentes compartilhadores de notícias falsas, ou até mesmo comentaristas mal-informados.