Por Flavia Sobral
Que as marcas passam por dificuldades quando cometem um erro, todo mundo sabe. Mas, o que acontece quando um meio perde a credibilidade?
Já discutimos muito por aqui os erros e acertos das marcas, dos relacionamentos e dos assessores. Chegou a hora de falar do outro lado da moeda. Afinal, o que fazer quando a mídia perde a credibilidade? Ainda que pesquisas apontem que os veículos de comunicação são fontes confiáveis de informação, eles erram – às vezes, mais do que deveriam. E quem quer ter a sua marca em uma mídia tida como sensacionalista? Pois é, os veículos também passam por crise de imagem.
Prova disso aconteceu durante a cobertura do acidente do time da Chapecoense, no fim de novembro. Um só veículo de comunicação, que resolveu ressaltar a tragédia de um ponto um tanto sensacionalista (outros acidentes, fotos antes de grandes tragédias e mais matérias do gênero) perdeu em suas redes sociais mais de 10 mil curtidas por hora. Você aconselharia seu cliente a ter uma matéria publicada lá? Ou gostaria de ver a sua marca em meio a uma cobertura assim?
Mas não é apenas de mídias sensacionalistas que estamos falando. Uma tendência (infeliz, eu penso) de grandes veículos é o empréstimo de seu nome para publicações feitas por terceiros. A chamada mídia paga – que alguns profissionais de assessoria por aí vendem como ‘resultado garantido’ de publicação – também podem mexer com a credibilidade de um veículo. Afinal, se uma equipe de redação não viu relevância em um determinado conteúdo e, ainda assim, ele está na página da mídia (escondido em uma aba qualquer, não encontrável pela sua busca interna) e aparece em seu nome em mecanismos de busca, algo deve estar errado, não?!
Enfim, do lado de cá da mesa, cabe uma reflexão: em que mídias vale realmente a pena que o meu cliente saia? Do lado do cliente: onde quero ver minha marca? E, mais do que isso, se eu preciso pagar para aparecer, será que não tem algo errado na notícia?
A minha velha ladainha de que devemos atuar como consultores de comunicação e sermos vistos assim por nossos clientes, pode ser uma boa saída quando é necessária uma reavaliação de objetivos. Como comunicadores temos que acompanhar muito de perto quais realmente são as veículos estratégicos para posicionarmos nossos clientes. Lembrando sempre que é preciso analisar quem eu quero atingir, para saber onde quero ver minha marca. A seleção das mídias foco para um cliente ou daquele clipping dos sonhos tem tudo a ver com o fit da marca, com os ângulos das notícias da publicação. Ética e valores morais podem contar muito também e devem ser levados em consideração.
Resultado de mídia, não é qualquer resultado e, assim como uma marca pode demorar um certo tempo para reconstruir sua reputação, uma mídia pode perder não só leitores ou fontes, mas patrocinadores, que não querem mais estar ligados a ela. No meio de comunicação, usamos muito a expressão #RIPjornalismo. Mais do que deveríamos, afinal, cada vez mais mídia apela para conteúdos ‘chama-cliques’ e duvidosos.
Saiba mais:
O fim do press release, da assessoria de imprensa, do jornalismo… do que mais?
Jornalismo de negócios: os sete segredos de uma boa fonte de TI
Imagem: Depositphotos