Desde 1973, 29 de agosto é celebrado o Dia Internacional da Igualdade Feminina. De lá pra cá, a reivindicação contínua por equidade no ambiente profissional tem resultado em cada vez mais mulheres em cargos de liderança ou à frente de novos negócios.
Segundo a organização Think Olga, no Brasil, 4 em cada 10 lares são chefiados por mulheres. Neste universo, 41% delas são donas de seus próprios negócios.
E por serem 51,8% da população brasileira, as mulheres têm gerado impactos qualitativos no mercado B2B do Brasil, tanto na condução dos negócios como nas estratégias de comunicação.
Conforme as pessoas vão exigindo empresas mais conscientes, despojadas e humanizadas, mais as características historicamente interpretadas como femininas (como as emoções, cuidado e escuta) vão se fazendo valer para as práticas organizacionais.
Linguagens puramente técnicas, duras ou frias perdem espaço para uma comunicação mais empática, criativa, resolutiva e descomplicada. Neste post, saiba mais sobre o papel das mulheres na humanização da comunicação do mercado B2B.
Mulheres à frente do empreendedorismo
Você sabia que 9,3 milhões de mulheres estão à frente de negócios no Brasil?
Segundo o GEM (Global Entrepreneurship Monitor), em uma lista com 49 países, o Brasil encontra-se na sétima posição no ranking de proporção de mulheres à frente de empreendimentos iniciais.
Já a pesquisa da Rede Mulher Empreendedora (2018) informa que a maior motivação para abertura de um negócio próprio, para 75% delas, é a maternidade. Isso porque a maternidade é a causa do desemprego de 48% das mulheres entrevistadas.
Para driblar desigualdades de gênero como estas, mulheres têm se aventurado no ramo B2B e oxigenado o mercado que historicamente foi masculino. Os resultados são inspiradores, embora ainda falte um longo caminho a percorrer.
Segundo o First Round Capital, as startups comandadas por mulheres demonstram performance 63% melhor daquelas dirigidas por homens.
Essa maior presença feminina está diversificando as formas de tomar decisão, de estabelecer estratégias e de conduzir os negócios, além de jogar luz sobre as desigualdades de gênero existentes na sociedade, que impactam o mercado profissional.
O impacto das mulheres na comunicação
Um dos trabalhos que ainda recaem mais sobre as mulheres é o trabalho de cuidado com as pessoas. Segundo a PNAD contínua de 2018 do IBGE, as mulheres dedicam em média 21,3 horas semanais a tarefas domésticas, enquanto os homens dedicam 10,9 horas para as mesmas atividades.
Essa realidade foi catalisada com a pandemia de coronavírus, que reafirmou a necessidade humana de cuidado (com saúde física e mental, limpeza e alimentação), e demonstrou a relevância do cuidado cotidiano para a economia global, e seu impacto no mundo dos negócios, em contexto de home office.
Somado ao maior número de mulheres em posições executivas (muitas delas, como mães), essas mudanças estão afetando a forma das pessoas se relacionarem e se comunicarem no ambiente profissional, com os públicos internos e externos das empresas.
Comunicação, empresas e lideranças
Sensibilidade, escuta e empatia aparecem como palavras-chave para o momento. Conforme essas posturas vão sendo esperadas no ambiente corporativo, lideranças propositivas vão aparecendo como centrais para a confiança e a reputação da empresa. Afinal, prática e discursos devem estar alinhados.
Isso reforça a compreensão da comunicação empresarial enquanto a expressão mais humana dos negócios, já que é por meio dela que se transmitem as ideias e mensagens de uma organização.
Com uma comunicação empresarial humanizada é possível construir relacionamentos e gerar conexão com diferentes públicos, em múltiplas formas e canais.
Comunicação Não-Violenta (CNV)
Mas, se relacionar e se comunicar não é tarefa simples. Sentimentos, expectativas e necessidades estão em jogo.
Para tornar o dia-a-dia empresarial mais produtivo e enriquecedor, métodos como a Comunicação Não-Violenta (CNV) ganham força.
A proposta criada por Marshall Rosenberg oferece técnicas para aprimorar relacionamentos pessoais e profissionais. Ela se baseia na compreensão real das necessidades do interlocutor para encontrar saídas aos problemas apresentados.
A CNV direciona as pessoas a realmente ouvirem o que os outros estão pedindo, e a atenderem às necessidades apresentadas com soluções inovadoras e criativas. É também um mecanismo de auto-escuta e compreensão das próprias necessidades, como forma de evitar o agravamento de conflitos.
Quando aplicada no dia-a-dia empresarial, a CNV orienta lideranças sobre como acolher, aliviar o estresse, motivar e encontrar soluções para situações problema, a partir da comunicação tanto com colaboradores quanto com clientes e prospects.
CMM: Gestão Coordenada de Significados
Além disso, você já deve ter se perguntado: Será que aquilo que está sendo dito por mim é recebido da forma que eu desejo? A pergunta também vale para a comunicação das empresas no B2B.
Para solucionar problemas de incompreensão das mensagens, uma teoria que ganha força entre as comunicadoras é a CMM (Coordinated Management of Meaning, ou Gestão Coordenada de Significados, em tradução livre). Você já ouviu falar dela?
Criada por Barnett Pearce e Vernon Cronen para lidar e gerenciar conflitos, a CMM busca administrar o “mar de significados” que existe na sociedade, respeitando diferentes contextos sociais e interpretações, para consolidar um mundo social coerente e respeitoso.
A CMM é uma proposta prática que avalia a mensagem que está sendo transmitida, junto com as informações e o efeito resultante, e identifica o que está realmente acontecendo na comunicação entre as pessoas ou grupos envolvidos.
Assim, por meio da CMM, na comunicação das empresas é possível traçar estratégias específicas para diferentes públicos, com base em diferentes personas.
Gestores passam a considerar as mensagens e os canais mais adequados para produzir determinados sentidos, respeitando as diferentes vivências e necessidades do público comprador.