Por Editorial aboutCOM
Solicitar as perguntas antes da conversa e pedir para ler a matéria antes de ser publicada são atitudes que podem arruinar o relacionamento – e o espaço da empresa na mídia
Alcançar bons espaços na mídia vai além de uma estratégia de comunicação bem estruturada. Com cada vez menos veículos especializados e um número expressivo de demissões de jornalistas, a maneira que a fonte se porta em uma entrevista, o conhecimento sobre como funciona o trabalho do repórter e o que fazer (ou não) em uma entrevista, são aspectos que ganham mais relevância para uma divulgação de sucesso. Esse relacionamento passa a ser complementar – e essencial – ao trabalho da agência de comunicação.
De nada adianta criar uma proposta incrível e conseguir contatar as melhores mídias se, na hora, da entrevista, o porta-voz não souber o que dizer e der voltas em um mesmo assunto, sem fornecer nenhuma novidade ou perspectiva diferente. Claro que, muitas vezes, algumas informações não podem ser abertas por políticas da companhia, como faturamento e planos a longo prazo. Mas, se o executivo não puder responder uma pergunta, por exemplo, deve explicar por que não e fornecer outro ponto de vista, que seja relacionado ao assunto da pauta.
O jornalista é treinado para fazer perguntas, escuta diversas fontes (do porteiro ao presidente da empresa) e pode, sim, blefar em alguns momentos. Existem alguns direitos – para jornalistas e entrevistados – que ajudam no direcionamento de qualquer pauta e amparam a relação entre ambos os lados.
Direitos dos jornalistas
- Acesso à informação;
- Respeito aos limites de horário e data estabelecidos para a entrevista;
- Ser respondido sobre sua solicitação de entrevista em tempo hábil;
- Obter respostas concisas, relevantes e que abranjam as informações essenciais;
- Acesso às informações do setor, obtidas em concorrentes ou institutos de pesquisa;
- Receber correções de informação, se necessário;
- Avaliar e obter a entrevista de seu ponto de vista. Cabe ao jornalista escolher a maneira como vai usar a informação. Muitas vezes, não são utilizados todos os dados e informações fornecidos na entrevista; também pode acontecer de uma conversa longa render apenas algumas aspas do entrevistado no conteúdo final de uma matéria;
- A intenção de uma matéria é ser imparcial, por isso, é normal que em um mesmo texto apareçam duas empresas de um mesmo setor. É dever dele ouvir mais de uma fonte para uma matéria.
Diretos do porta-voz
- Saber do que trata a entrevista, a identidade do jornalista e o veículo que representa. Mas, nunca, solicitar as perguntas antes da conversa. Entrevista não segue roteiro, acontece naturalmente;
- Pedir que repita as perguntas, se necessário;
- Terminar de falar sem ser interrompido;
- Definir os pontos-chave do discurso e repeti-los sempre que necessário;
- Incluir temas e pontos relevantes e importantes (ainda que não lhe perguntem sobre eles);
- Saber como a informação que está fornecendo será utilizada: qual o tema da matéria, se sairá na revista ou no site. Mas isso não quer dizer pedir para ler a matéria antes de ser publicada;
- Responder a acusações;
- Corrigir informações incorretas ou imprecisas;
- Direito de resposta: quando provado que o jornalista cometeu um erro ou agiu de má-fé, a Lei 13.178, de 11 de novembro de 2015, garante que a fonte tenha o mesmo espaço para uma réplica que a matéria em questão.
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Imagem: Pixabay