por Flavia Sobral Faccioni
Desde que opinião virou moda – vide a quantidade de textos opinativos, publicado por qualquer pessoa (inclusive este) – os profissionais de comunicação no Brasil estão praticamente em guerra. O FIM, como muitos colocam em seus textos, de ferramentas, papéis e pessoas do ciclo de entrega do trabalho de comunicação, nunca foi tão amplamente discutido.
Isso me lembra meus anos de faculdade – quando a discussão primordial era se a internet iria acabar com o jornalismo, ou com a televisão; e antes disso, se a TV ia acabar com o rádio, que por sua vez decretaria o fim da mídia impressa. Ora, chega de radicalismos. A grande prova disso tudo está aí, sob os nossos olhos comunicadores, para quem quiser enxergar: hoje a TV, o rádio e a internet não só coexistem, como complementam-se, trazendo uma experiência ainda mais rica para quem estiver interessado.
E por que com a comunicação deveria ser diferente? Press releases não vão deixar de existir – e digo mais, continuarão a ser importantes fontes oficiais de informações sobre empresas, governos, pessoas. O jornalista, então, nem se fala. Afinal, enquanto houver pessoas interessadas em acessar determinados assuntos, lá estarão as mídias e seus jornalistas para lhes contar uma ‘quase’ imparcial história. Pode ser que os veículos mudem, que a forma de fazer jornalismo mude – como já está mudando há muito tempo – mas os jornalistas não deixarão de exercer seu papel importante na construção das notícias e, por conseguinte, no ciclo de comunicação.
Ilude-se quem acha que o ‘branded content’ (nome bonito para conteúdo patrocinado) vai acabar com as assessorias de imprensa. Ora, se as empresas vão precisar escrever sobre temas interessantes – e não apenas comprar espaços supostamente relevantes – quem melhor para fazê-lo do que bons jornalistas? E mais: engana-se quem acha que sair por aí fazendo ctrl C + ctrl V em press releases, pagando espaços em mídias, vai trazer algum resultado decente para um cliente. Isso é comprar espaço – branded content é outra coisa! E aí entra o papel do assessor de imprensa, que deve encontrar a melhor forma de tirar vantagem de um conteúdo para um cliente.
Acho que está na hora de pararmos de querer “matar” as coisas, as profissões, os meios. Que tal pensarmos em estratégias eficientes, que usam as ferramentas atuais – sejam elas quais forem no momento – para gerar resultados efetivos para nossos clientes? Que tal pararmos de brigar tanto e unirmos conhecimento e bom senso para fazermos uma comunicação mais focada, e mostrarmos por aí que uma boa comunicação pode fazer a diferença? Talvez esse seja o caminho. Mas, de novo, é só a minha opinião.
Saiba mais:
Quanto vale uma estratégia de comunicação?
O press release não morreu; o que morreu foi a falsa estratégia
Imagem: Depositphotos