Por Maria Eugênia Lucci
Há uma brincadeira comum no mundo da assessoria de imprensa, que diz que nem os nossos pais entendem o que fazemos. E eu não duvido que seja verdade. Trabalho na área há mais de 12 anos e conheço poucas pessoas cujos pais conseguem explicar o trabalho dos filhos – e a culpa não é deles. Nossa área é complicada mesmo. Não somos jornalistas nem RPs. Em alguns casos, até mesmo quem nos contrata tem dificuldades para entender. Às vezes, respondemos ao setor de comunicação, às vezes ao marketing e outras até ao RH. E temos que ter muito jogo de cintura para lidar com cada um dos departamentos.
Em minha experiência pessoal, a maioria das interfaces com quem trabalhei era o profissional de marketing. E posso dizer que aprendi muito sobre o trabalho deles, mas principalmente, aprendi a trabalhar com eles. A princípio, queremos a mesma coisa: criar visibilidade para a marca, mostrar que é confiável, apresentar seus produtos, e claro, gerar vendas. Mas os nossos caminhos para alcançar esses objetivos são diferentes.
Uma das principais “brigas” do assessor com a interface de marketing é sobre o teor dos press releases produzidos. A falta de adjetivos e o caráter meramente informativo dos textos escritos para essa finalidade costumam assustar. Já perdi a conta de quantas vezes tive que passar a mão no telefone para explicar ao cliente que o texto estava muito “marqueteiro” e, por isso, não seria bem recebido pela imprensa.
Talvez, a pior parte do trabalho de assessor de imprensa é que cabe a nós “jogar água no chopp”. Isso porque temos que avaliar se os temas propostos são de fato relevantes para a imprensa. Em casos de participação em eventos, por exemplo, é comum haver uma animação do time de marketing por estar presente em algo grande. Aí, quando aparece a assessoria dizendo que talvez isso não seja notícia e que é preciso encontrar um gancho dentro desse contexto, é desanimador.
Uma das tarefas do profissional de AI é construir a reputação do cliente junto à imprensa. É um trabalho de formiguinha, como costumamos dizer. Precisamos de informações antigas que muitas vezes nem os próprios funcionários têm, responder aos jornalistas sobre coisas que a empresa não quer abordar, treinar os porta-vozes para falar com a imprensa, entre outras atividades que não são tão familiares ao profissional de marketing. É muito menos empolgante do que lançar produtos, divulgar campanhas ou fazer ações promocionais, mas tudo isso é recompensado quando vemos os resultados.
Para uma boa estratégia de marketing integrado, é importante ver a assessoria de imprensa como mais um braço, com foco em alcançar os mesmos objetivos. O trabalho é distinto, nem sempre entendido, mas, quando é visto como parte de um todo, os resultados que se colhem são ainda melhores. Por isso, deixo um apelo às interfaces de marketing – podem confiar nos seus assessores. Nem sempre concordamos com os mesmos caminhos, mas há uma boa razão!